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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Tópico utópico



É apenas uma crítica
É apenas uma frase, fase, crase (mas ninguém abre mão de ter a ultima palavra)
Ai de quem, chamo meus amigos! 
Trinta milhões numa miséria e a iconoclastia ferve de ataque a seus iguais
Onde semelhantes se reconhecem quando atacam seus rivais
De que serve?  A quem servem?
E as pessoas não entendem a importância disso. 
Se somos todos peixes, nada na rede.




P.S:   Esse escrito é sobre o recalque pseudo intelectual vigente nas redes sociais. Estão todos na rede criticando o uso que os outros fazem da mesma rede que quem usa criticou, estranho não? 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Revisitando



Eram cinco da tarde. O chapéu negro da pausa e da espera ainda estava lá. Havia esperado o dia todo na greta, encarando apenas o chapéu escuro enquanto o turbilhão de segundos  zuniam em meus ouvidos, contradizendo a espera da espera. O tempo não ia passar.
Arremessava o corpo contra a cadeira enquanto o gelo se derretia vagarosamente no copo. O calor só subia em mim, o gelo era indiferente ao meu estado.
Tudo estava em seu devido lugar, até o maldito assoalho recém-polido que fazia as vezes de espelho mostrando a face cinza da espera. As paredes, a sala e o teto faziam coro com o chapéu preto: ele não está aqui. Nem vai estar amanhã ás cinco.
Todas as imagens, todas as escolhas, todas as estimas passavam sucessivamente, repetidamente das minhas retinas para as entranhas, desaguavam em pensamentos mórbidos e escuros no porão da minha casa.
Sou um espírito fanfarrão, ao menos creio, mas há dias em que me torno sombra escura na penumbra da ausência...Enquanto o relógio zomba do meu ânimo.
Eram cinco da tarde no decorrer da preguiça do tempo eu gritava ansiosa aos ponteiros que por favor corressem, mas os ponteiros não ouvem. Ponteiros apontam inevitavelmente pra algum lugar. Esses me apontavam o derradeiro suspiro de lástima, pra recomeçar no segundo restante. As cinco da tarde.
Havia pensado em xingar, em dizer-lhe algo irritante, com certeza diria, ou talvez não. Mas aquele chapéu, sinal de que uma cabeça vazia vagava e sorria solta pelo espaço infinito de tempo que algum deus da tarde lhe concedera, em plenas cinco horas de sofrimento...
Limitei-me a continuar respirando, minhas unhas rasgavam meus pensamentos como seda e o vazio dava seus tiros secos em minha solidão.Sinal de que, ele jamais voltaria
Nem mesmo pelo chapéu...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Miasmas mercurialis






Não te orgulhei não, você rimou em mim
Pendaleto, mistura de pêndulo e dialeto
Mezzo escuro, preto por favor, pra dois, pra dez. Pra doze
Totais razões de recordar
leve com você, queriam ver
da petrolina fílmica, boradéu
é a lei do louro, escuritom infinito
Diarreias sebáceas
sebo, sebo, sebo
no fêmurio, bolinho de arroz
zordéu, cantor do nordeste
vem aqui, dorme na rede
ebole, eu vou ligar pra perguntar
eu falei quantos anos tinha? ah né não?
Odeodácio piloca
capim no olho dá agunia

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Meta Limbo





Todo poeta precisa fumar

Debelar em si toda fumaça que havia na poesia do cotidiano

Que na concretude das massas se torna areia

A lamentação poética no poeta não o faz motivo de discórdia

Pois todos veem nele mais um Cristo arrependido na história

De trazer as chagas da humanidade corpórea, aspira

A qualquer hora, a oportunidade vencida (que não nos redime)

De não mais vencer-se, mas entregar-se.

Sede, fome e pó sente o Cristo morto

Vaga em orgulho vago, o pobre homem, na ponta acesa de um cigarro

Num ócio vil e cansado, fingindo não sentir dor.


domingo, 30 de dezembro de 2012

Que entenderá





Para um lugar onde os extremos sejam belos

Desde que leves de leve meu soluço a sós

Flor do campo que a liberdade chamou de sua e pra sempre foi

A boa vinda na retina, fantasia. Em bosque encontra-se da cabeça aos pés...

Negras ondulações de Iracema abençoam  e trovejam riscos enluarados, desejos bêbados jazem em  hipotermia reversa

Onde Imaginável riso acolhe a madrugada furtiva

Lança-se mel em rotundo anel e a voz saúda breve o fio

Tuas mãos, meus lábios, somos um.

domingo, 7 de outubro de 2012

De ser sociativo

                                        Lunático, Jeremy Geddens http://lounge.obviousmag.org/lunatico/2012/05/as-pinturas-de-jeremy-geddes.html


Eu ia falar, mas você rumou pro absurdo
Naufragamos no há de ser.
Das bolhas de oceano em minhas narinas, do vazio dentro do infinito se abraçando, lho revelo.
O mar de ar, novelador controverso, não conta o verso.
Que é feito do mar de amar infinito?  Aceso explode.
Qual narrar a junção do hidrogênio com o oxigênio depois.
Quem tem água não quer explicação.
Se as moléculas se soubessem,  sujeitar-se-iam não.
Não há uma meta-vida, é só se der ceder.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ericksonianismo breve






 Joaninha visitou minha mão, entre o avanço veloz da bicicleta e o chão.
“Joaninhas não entendem de amanhãs” pensei “pode ser que ela voe antes que eu possa fotografar” e fechei a mão.
Curiosamente meu mundo não mudou, mas eu deixei de sentir a joaninha porque passei a pensar só em mim. A estrada impassível não me julgava, nem a joaninha.
Deixei de viver na proporção que passei a me preocupar com isso. Foi quando abri mão de fechar a mão e escolhi deixar a vida me escolher. Surpreendentemente minha amiguinha ficou ali comigo despreocupadamente por longos minutos. Ate da futilidade desfrutamos, pois ela se deixou fotografar livremente.
A joaninha foi tolerante comigo.